quinta-feira, 3 de setembro de 2009

UM POEMA DE QUE GOSTO MUITO

(...)
MAS TAMBÉM o ficares afeiçoado a ti próprio através dos anos
pode dar-te duração.
Poder olhar-me amistosamente nos olhos
liberta-me por vezes de qualquer culpa ou agravo.
Poder pensar
na criança que fui
significa já voltar a encontrá-la.
Ser indulgente para com os meus defeitos
(não para com os meus desmandos),
acalmar-me, se for vítima de qualquer injustiça,
como sendo o meu único familiar,
bater com os punhos no peito,
como expressão de triunfo provocado por uma palavra feliz
no lugar certo,
e dar um grito que ecoe pela selva do meu quarto,
tudo isso pode rejuvenescer-me
como uma garrafa de vinho delicioso
(com um efeito diferente).
(...)
Peter Handke (1942)
Poema à Duração
(tradução de José A. Palma Caetano)

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